sexta-feira, 25 de abril de 2014

Ela veio.

           (Não sei dizer o tempo que fazia que não vinha aqui escrever, porém, eu voltei.)

           Hoje eu acordei com a saudade entrando no meu quarto. Ela se quer me deu bom dia e já foi logo avisando que veio para ficar. Não perguntou se eu queria sua companhia, disse que veio em seu nome e agora ali era seu lugar.
           Tomei café com ela e gosto de tudo era mais amargo. A saudade não me deu beijo na minha testa antes de sair, não me abençoou e nem disse quando voltava (ela se quer foi embora).
           Quando saí, ela não perguntou onde eu ia e nem quis saber a que horas eu voltava. Disse que estaria ali a me esperar. Ironicamente, ou não, ela me acompanhava a cada lugar que eu ia, a cada rua que alguma vez já havia passado com você. Cheguei e ela tinha usado seu perfume, desarrumado as coisas de forma que você repararia, então fui obrigada a reparar. Ela colocou a musica que nós gostávamos no rádio, programou nossos filmes na televisão. A saudade me fez até olhar no espelho e perceber com, estranhamente, eu me parecia a cada dia mais coim você. Percebo que tem tanto de você em mim.  
          A saudade foi petulante, insistia em permanecer comigo. Cada café frio, cada coisa fora do lugar, cada roupa mal dobrada, cada história mal contada, era você.
         Até ao observar outras pessoas, era você fazendo meu olhar crítico. Era você nas canções que eu escutei, no vinho que eu não tomei. Era você, até no farelo de pão que cai no chão, e algo em mim me obrigava a limpar.
        Vai ser você até que meus olhos se fechem e meu coração pare de bombear o líquido que me mantem (sobre)vivendo.
       Hoje eu acordei com saudade, hoje.

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